Tum Drops com Daniel Sá
O Festival de Música de Santa Catarina apresenta Daniel Sá no TUM Drops
O Tum Sound Festival, festival de música de Santa Catarina apresenta:
Daniel Sá
É um músico gaúcho, que desenvolve um intenso trabalho com o acordeonista Renato Borghetti como guitarrista, arranjador e diretor musical. Com Borghetti, Daniel já se apresentou em diversos países como EUA, Áustria, Alemanha, França, Itália, Portugal, Slovenia, Argentina, Uruguai, e por todo Brasil. Atualmente, além de trabalhar como educador musical, e integrar o Renato Borghetti & Quarteto, Daniel desenvolve seu trabalho solo, compõe trilhas para filmes e atua como arranjador e produtor musical de artistas de variados estilos.
1) Você atua há muitos anos acompanhando o acordeonista Renato Borghetti. Quais conselhos daria para um músico que deseja seguir este caminho profissional que consiste em acompanhar artistas?
Minha relação com o Borghetti é um pouco diferente. Todos nós, do quarteto, somos compositores e arranjadores. Estou no grupo há 29 anos e também faço a direção musical, então, tenho um carinho grande com este projeto. O conselho que posso dar para o músico que acompanha artistas é que não se acomode.
Procure evoluir sempre e colaborar para a evolução do grupo. Não tenha medo de sugerir ideias novas. Mudanças para melhor, que respeitem o estilo do artista que você está acompanhando, são sempre bem-vindas. O seu trabalho atual é uma vitrine para convites futuros, então, dê o seu melhor! Sempre é bom lembrar que a vida na estrada, principalmente em turnês longas, exige regras básicas de educação e convívio em grupo. Pode parecer óbvio, mas já vi grandes músicos serem dispensados por não observarem esse detalhe.
2) Como você analisa o mercado atual da música instrumental brasileira? Sente que ele vem crescendo ou encolhendo?
Não tenho dados concretos para afirmar se cresceu ou encolheu no Brasil, mas seguramente, se modificou. As leis de incentivo à cultura foram uma importante alavanca para a música instrumental. Apesar das críticas que estas leis recebem, ainda é melhor que elas existam. Quando utilizadas da forma correta e honesta, são ferramentas importantes na viabilização de muitos projetos meritórios que não teriam outra chance de serem levados ao público. Os artistas e o público merecem essa oportunidade.
Outro formato que se modificou muito foram os meios de divulgação. A internet virou o veículo oficial de veiculação. Desde o artista mais anônimo ao mais famoso. O resto continua parecido: você terá que fazer seu trabalho bem feito. Seja na internet, nas rádios, canais de TV, não importa.
O conteúdo do que você produz sempre será determinante para o sucesso do seu projeto. Temos algo de muito positivo no público de música instrumental: eles são fiéis! Quando gostam de um artista, ficam atentos ao que ele está fazendo. Gostam de “garimpar” coisas novas e compartilhar com outros fãs do estilo, o que ficou muito prático com as redes sociais. Com tudo isso, apesar de não saber avaliar se o mercado instrumental cresceu ou encolheu no Brasil, acredito que hoje em dia está mais fácil e democrático viabilizar um projeto.
3) Qual é a importância do músico se autogerir atualmente? Quais os pontos positivos e negativos na sua opinião?
A autogestão, nos tempos atuais, é quase uma necessidade. A figura do “personal manager”, aquele produtor que cuida da carreira do artista desde o início, está cada vez mais rara. Em outros tempos, uma banda já iniciava com alguém produzindo. Era uma espécie de integrante extra que vestia a camisa do projeto e ia à luta. Esse idealismo teve que se adequar ao mercado.
Hoje, os artistas em início de carreira, precisam provar que tem um trabalho muito consistente e um público grande antes de chamar a atenção de alguma produtora ou gravadora. Os pontos positivos dessa autogestão é que você aprende a lidar com as partes burocráticas de uma empresa, mídias, produção de áudio e vídeo, contratos e tudo o mais que envolve uma carreira artística. Além, é claro, de conhecer como ninguém o trabalho que está tentando vender. O que é muito importante na hora de direcionar as contratações.
Quando você finalmente tiver um empresário, vai dominar essa parte do processo e saberá ajudá-lo. Em outros tempos os artistas não tinham nenhum conhecimento a esse respeito. O ponto negativo é o tempo que a autogestão lhe toma e que você deveria estar usando para criar e praticar. É preciso encontrar um equilíbrio.
4) Quais conselhos você daria para quem deseja trabalhar profissionalmente com música?
Leve música a sério! Você é um profissional como qualquer outro. Precisa estudar, evoluir, se reciclar, saber se comportar em público e diante dos colegas, gerir seu negócio, cumprir prazos, horários, ter boa apresentação, etc. Nesses aspectos, a música não difere de outras profissões. É preciso trabalhar duro. A armadilha acontece ao pensarmos que inspiração, genialidade, paixão, serão suficientes para construir uma carreira.
Por certo que são coisas importantes, mas além de continuar alimentando esses sentimentos, que são essenciais em nossa atividade, você também vai precisar de disciplina, organização e perseverança se quiser sobreviver de sua arte. A boa notícia é que ao ver o que a música é capaz de fazer com a alma das pessoas, você sentirá que valeu cada minuto investido nessa profissão.
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