Produção Musical por Binho Manenti

Postado em 21/11/2020, 9:00

A plataforma tumfestival.com.br a partir de hoje, irá contar com colunistas especiais, que nos mostrarão pontos de vistas muito interessantes sobre o mundo da música, inovação e empreendedorismo. O nosso primeiro Colunista convidado é o músico Binho Manenti. Ele é tecladista e baixista, graduado em Publicidade e Propaganda. Ele trabalha há alguns anos com áudio publicitário, e atualmente reside em Florianópolis, atuando como arranjador e compositor de trilhas sonoras para TV e rádio, para todo o Brasil. Confira logo abaixo, a sua primeira resenha.

Afinal, o que esperar de um produtor musical?

Por Binho Manenti

O termo “produtor musical” está presente no universo da música desde o início das gravações em áudio, que segundo alguns autores data dos primeiros anos do século XX, onde profissionais de gravação percorriam diversos países da Europa e mais tarde da Ásia realizando gravações para a Gramophone Company (posteriormente EMI, extinta em 2012). Naquela época, a divisão de trabalho na indústria fonográfica ainda não estava desenvolvida, e eles faziam o papel de técnicos de gravação, produtores e representantes de vendas. Podemos afirmar então que o papel dos produtores musicais inicialmente consistia no mero registro de uma performance musical e de relações comerciais entre a companhia e o público-alvo.

De lá pra cá, ocorreram inúmeras transformações no mundo. Passamos por guerras, atravessamos importantes mudanças sociais e de comportamentos, de moda, arte, tivemos o surgimento do rádio, da televisão, de grandes gravadoras, sem falar da tecnologia que avança numa velocidade imensurável. Por consequência disto, mudanças na indústria fonográfica também ocorreram, acompanhando as novas demandas do planeta e fazendo com que os processos da produção musical se desenvolvessem, criando novos mercados de consumo e entretenimento para o público.

Com a evolução dos processos de gravação, começam a surgir produtores musicais com conhecimentos mais amplos de engenharia de som, teoria musical, performances e principalmente com habilidades comerciais, consolidando este elo importante entre as companhias e o público. Logo, a produção musical deixa de ser um mero registro de uma performance para começar a ter um olhar mais criativo e primoroso pelas suas obras. Assim, a presença do produtor musical vem sendo cada vez mais apreciada no mercado da música até os dias de hoje.

O produtor musical passa a ser então, de uma forma geral, a ferramenta responsável por viabilizar a gravação de uma música, um disco, um show e até mesmo uma trilha sonora para televisão, tendo como principal objetivo a organização de todos os processos que estão envolvidos neste percurso. É responsável por traduzir a essência do artista, extrair a sua verdade e com isso obter clareza e objetividade na construção da sua sonoridade e na elaboração dos seus arranjos, elementos essenciais em qualquer produção em áudio. O andamento da produção depende diretamente do produtor responsável, e vai desde a criação da concepção da música ou do disco, até os ensaios, contratação de músicos adicionais, equipe técnica, sessões de gravações e processos de finalização dos fonogramas, como a mixagem e a masterização.

No que diz respeito aos processos de gravação, arranjos e finalização de uma obra, vale ressaltar que o produtor musical tem a função de dirigir estas etapas, mas não necessariamente de colocar a mão na massa diretamente, isto vai depender das suas especialidades. Existem produtores que são engenheiros de gravação por exemplo, e contratam arranjadores para a elaboração da peça. Outros são excelentes instrumentistas, mas não possuem know-how suficiente para operar equipamentos de gravação e com isso contratam ou alugam estúdios profissionais para realizar as gravações da obra que está produzindo. Alguns deles são compositores, outros arranjadores e assim por diante. Claro que, existem aqueles produtores que vêm com o “pacote completo” e executam todas estas funções com muita competência, e estes produtores estão cada vez mais presentes, visto que a tecnologia facilitou o acesso à informação e também possibilitou a produção de música dentro do computador. É cada vez mais comum ver DJs e artistas independentes que desenvolvem habilidades de gravação para produzir seus próprios trabalhos e se lançarem no mercado obtendo grandes resultados.

Mas existem algumas habilidades que todo o produtor precisa ter para realizar um trabalho de excelência: sensibilidade e conhecimento musical, noções da história da música e seus caminhos, conhecer os principais movimentos culturais e sociais, entender como funciona o mercado da música, estar atento às principais tendências, ter espírito de liderança e se relacionar bem com todos, entre outros. É assim que estabelecemos pontos de conexões entre o artista e o seu público, entre o que ele quer comunicar e o que o seu público espera ouvir. Além disso, estar atento ao cenário musical e construir a sua rede de contatos também é de extrema importância, afinal, um produtor musical trabalha no backstage mas precisa ser conhecido no mercado e ganhar a confiança dos seus clientes.

Podemos citar alguns dos grandes nomes que tiveram papéis importantes na história da produção musical, dentre eles estão George Martin (Beatles), Quincy Jones (Michael Jackson), Brian Eno (Talking Heads), e os brasileiros Pena Schimidt (Titãs), Liminha (Black Rio, Gilberto Gil), Mazzola (Elis Regina), Miranda (Raimundos, Skank), entre tantos outros.

Atualmente podemos descatar produtores musicais contemporâneos com grande estima no mercado fonográfico: Dr. Dre (Eminem, Snoop Dog) e Mark Ronson (Stevie Wonder, Amy Whinehouse) são apenas alguns nomes e não podemos esquecer dos brasileiros Mário Caldato Jr. (Björk, Blur, Marcelo D2) e Rick Bonadio (Charlie Brown Jr., NX Zero).

Para quem quer embarcar neste mercado e pretende atuar como um produtor musical a dica é estudar música, entender como se desenvolve toda a cadeia dos processos de produção, desde o primeiro passo à entrega do material finalizado, e começar a produzir suas próprias obras até que, com muita prática você sinta-se apto a embarcar nesta viagem incrível que é o universo da produção em áudio.

E agora? Como será o caminho da indústria fonográfica no futuro e quais os papéis e desafios o produtor musical irá encarar?

Nos vemos em breve, até a próxima!