Live Tum Cult: produtor musical avalia o movimento das lives

Postado em 20/04/2020, 17:52

Binho Manenti acredita que as transmissões online podem se tornar um mercado para a música

Se até pouco tempo nós íamos em shows, agora são os artistas quem entram nas nossas casas. As salas viraram palcos e as lives, o novo convite para entrar. A intimidade se tornou o presente do nosso presente. E a internet, a ponte para atravessarmos juntos o período de crise. De repente, não podemos mais dar aquele rolê com os amigos, mas temos um horário marcado para ver o nosso artista preferido e, quem sabe, até bater um papo com ele. Com bastante improviso e poucas certezas, as lives tem se sobressaído durante a quarentena. Mas por que? Arriscamos dizer que é a proximidade que nos mantem cativos durante aquela uma hora ou mais.
“Tem um lado legal disso, de ver o artista sem a maquiagem, sem aquela megaprodução, em muitos deles a gente consegue perceber a essência. Mesmo com aquela camiseta simples e um piano desafinado na sala, ainda está fazendo uma coisa que a gente curte”, disse o produtor musical Binho Manenti, na live da Tum Cult da terça-feira, dia 14 de abril, sobre música durante e pós quarentena.

Intimidade

Para o produtor, a live foi a primeira alternativa adotada, mas ainda é cedo para avaliar tudo o que se pode explorar nesse período de isolamento. Ele avalia o saldo das transmissões como algo positivo: “Eu tenho curtido algumas coisas que a gente só veria em um grande espetáculo, ou pagando muitos dólares. E agora eles estão ali na sala, com um iphone, um piano e um violão, praticamente a mesma coisa que a gente tem aqui para fazer nesse momento”. Como músico, “acho que a gente está se permitindo mais enquanto artista, de fazer um vídeo mais cru, e as vezes até mostrando as impurezas do artista, que, às vezes, é uma execução que não saiu 100%, uma notinha que errou… e está tudo certo”.
O produtor entende que essa nova forma de fazer shows e se manter ativo será transformadora para a relação entre artista e público: “Eu acho que esse momento está sendo muito produtivo para os dois lados, para o artista entender que existe sim a necessidade de uma boa produção, mas que se faz muita coisa legal e criativa com menos. E para o público também entender um pouco mais daquele artista que curte, que acompanha e ver que quando ele está lá em cima, com uma equipe de 100 pessoas trabalhando para que possa prover um espetáculo, que ele também tem os
valores dele, que ele também tem as habilidades”.

Qualidade

Mas o simples não quer dizer desleixado. Quanto ao formato, “existe a necessidade de ter o mínimo de qualidade de áudio para que se entenda o que está acontecendo. De repente uma banda tem instrumentos que só com a captação do celular não seria possível”, explicou. Segundo Manenti, “é uma função dos profissionais de tentar descobrir, desenvolver e investir nessa melhor qualidade”. Para a CEO da Tum Cult, Ivanna Tolotti, é tempo de olhar “tanto para as produções que estão sendo feitas, como o que pode ser feito quando a gente sair depois da quarentena. Estar preparado, estar planejado, estar organizado ou estar estudando para poder produzir coisas legais e voltar melhor, mais evoluído e mais profissional”.

Perspectivas

Não sabemos quando essa crise causada pelo coronavírus vai passar. Nem como será o levante do mercado cultural e da economia do país. Sobre o futuro, o produtor tem algumas perspectivas: “Pode surgir um mercado das lives, de apoiadores, de uma emissora abraçar, transmitir a live de alguém…”. Otimista que é, Binho acredita que “se a gente buscar qualidade, buscar aprimorar, entender como funciona, eu acho que ali na frente nos vamos ter novos ambientes para poder mostrar o nosso trabalho”.