Fomento e fôlego cultural para a música
Economista, mestre em Sociologia e com MBA na área, Bruno Braz Golgher fundou o Café com Letras, em 1996, a Ototoi em 2002 e o Instituto Cidades Criativas em 2007. Sempre desenvolvendo atividades nas áreas de gestão cultural e de economia criativa, entre os projetos e as iniciativas culturais que já desenvolveu pode-se destacar o Savassi Festival e o Savassi Festival NY, festivais de jazz e de música instrumental, além da Mostra de Design, de projeto de artes visuais, edição de livros, CDs e do tablóide cultural “Letras”. Respirando cultura, Bruno conversou, por e-mail, com a equipe do TUM e reforçou que a conversa teve “respostas curtas para perguntas que demandam mais fôlego”. Afinal, falar de cultura é profundo e, com certeza, leva muito mais que um mero e-mail!
Confira as ideias do profissional renomado na área cultural, que participa da Rodada de Negócios, na sexta-feira (2/11), no Sebrae Lab, das 13h às 17h.
TUM: Considerando as suas experiências com o Cidades Criativas, é possível pensar em música – e artes em geral – como um mercado realmente rentável?
Bruno: Sim, é possível. Não se deve considerar, no entenato, atividades em separado, como shows de música instrumental, e sim toda a matriz de trabalho que um músico tem: apresentações ao vivo, gravações, aulas, projetos próprios, venda de CDs etc. Vale lembrar que é natural cada artista obter um perfil diferente de rendimentos.
TUM: Qual a importância de eventos como o TUM Sound Festival para a cadeia produtiva da música e da cultura?
Bruno: É muito importante. Os novos projetos normalmente surgem a partir de contatos face a face, muitas vezes em ambientes informais. A troca de informações e o aprendizado fazem com que a experiência de uma pessoa possa ser utilizada por outra. Outro aspecto é que a ampliação dos mercados é fundamental para o fortalecimento da cadeia produtiva.
TUM: O TUM é considerado o maior festival de música e empreendedorismo de Santa Catarina. Como você enxerga sua parceria com o evento?
Bruno: Para o Savassi Festival e para o Instituto Cidades Criativas é uma parceria muito importante, por ser uma instância de aprendizado, uma vez que o Tum é feito com muita competência, e também de aproximação de um novo mercado regional, com seu pool de talentos.
TUM: Na sua opinião, como fortalecer o mercado produtivo da música e gerar receita com esse trabalho?
Bruno: Diversificando a matriz de atividades, buscando incorporar no portfólio do artista atividades que tenham mais rentabilidade como a música para cinema e games e ampliar o mercado do artista, internacionalizando a sua atuação.
TUM: A música digital mudou radicalmente os padrões de como a música hoje é acessada e consumida. Essa mudança, na sua opinião, também proporcionou um aumento no volume de receitas?
Bruno: Eu não sei se o volume total mudou, mas certamente mudou a composição das receitas. Agora, a venda de discos – parcialmente substituída pela receita com streaming – diminuiu radicalmente, mas a exposição digital aumentou, bem como a capacidade de realizar shows. Ampliou-se também, principalmente no setor da música pop, a renda de produtos, serviços e acessórios.
TUM: Quais são os desafios do Mercado produtivo musical?
Bruno: São muitos, como é de esperar. Acho muito importante os artistas e casas de espetáculos terem acesso à infra-estrutura e equipamentos mais baratos. Outro problema é que os editais no Brasil têm o horizonte temporal curto demais. É preciso conseguir planejar com 2 a 3 anos de antecedência para se ter inserção internacional.
TUM: Pra você, música é… algo que se vive com o corpo e a alma.
O TUM Sound Festival é realizado pela É Show Produtora, apresentado pela Ibagy Imóveis, com patrocínio da Casa e Design, Hotel Costa Norte através da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Florianópolis.