Cores na cidade: as marcas de Gugie

Postado em 04/09/2020, 19:46

Paredes coloridas. Muros com vida. Retratos reais entre padrões desleais.

Com sorrisos no rosto e tintas na mão, a artista visual @gugie.art deixa a sua identidade nas ruas da cidade. A sua arte ocupa espaços e salta aos olhos em meio a milhares de prédios e carros. É que para ela, o graffiti é como um animal selvagem: “Ele pode ficar lindo nos museus, nas casas, ou empresas, mas ele entra como uma representação daquilo que é vivido nas ruas”.

Monique Cavalcanti entendeu que o seu lugar no mundo também é fora da caixa. A artista, natural de Brasília, se formou em Técnico Integrado em Eletrotécnica pelo IFSC, em 2012, mas decidiu viver de arte quando saiu do estágio. “A demissão fez com que eu percebesse que para ser bem sucedida, tinha que gostar muito do que fosse fazer. E eu sempre virava o projeto e começava a desenhar”. Hoje ela está no final do curso de Artes Visuais da @udesc.ceart.

Mas foi um longo percurso até aqui. E o movimento hiphop esteve presente em todos os seus passos e traços. “Esta busca incessante de dar forma e movimento a minha identidade, exige que eu estude e busque me superar sempre que eu pinto. Por isso e pela demissão fui fazer Artes Visuais e cada muro que eu pinto é uma grande aula”, conta. Para quem contempla os seus murais, é um aprendizado também. “Quem é atingido pelas cores, formas, ideias, com certeza passa a perceber as ruas, as cidades de outra forma”

E é justamente essa mistura de expressões humanas, detalhes gigantes, cores manchadas e representatividade social que nos fazem identificar as pinturas de Gugie de longe. Uma delas é Antonieta de Barros, no centro de Florianópolis, em coautoria de Tuane Ferreira e Valdi. “A Antonieta foi uma mulher forte que se fez necessária, que representou a luta pelos nossos direitos, pelo nosso espaço”, salienta. Assim como Gugie é também.

Nestes tempos difíceis, a grafiteira e mãe de duas meninas se mantêm firme e sensível. “O que me alimenta muito é viver, viver a maternidade, caminhar pelas ruas, conversar, ouvir, me ouvir. Construir as relações no lar me ensina muitas coisas constantemente. Conviver é o que alimenta minha arte”.

E a sua arte alimenta a nossa vida, Gugie.