Carlos Badia participa da Rodada de Negócios
“Se não pensarmos música como mercado, estaremos perdidos” diz o produtor musical Badia em entrevista exclusiva para a equipe do TUM Sound Festival
Carlos Badia, é músico, compositor, escritor, produtor musical e agitador cultural. É o idealizador e um dos realizadores do POA JAZZ FESTIVAL (eleito o Melhor Festival de Música de 2017 pelo Prêmio Profissionais da Música), do projeto Homenagem ao Jazz, do Festival Villa do Jazz e agora do Gramado Jazz & Blues Festival. Badia vem ao TUM Sound Festival para participar como player da Rodada de Negócios. Para participar, compre o passaporte e fique ligado para nas inscrições que serão abertas em outubro!
TUM Sound Festival: Como você vê a nova geração da música instrumental brasileira diante de tantas vertentes novas de música?
Carlos Badia: Houve uma divulgação maior da música instrumental e o surgimento de muito mais escolas de música e excelentes professores particulares abordando temas
como harmonia, improvisação, prática de conjunto, etc e que geraram mais possibilidades a novos alunos que se interessavam sobre música. Assim, além de uma grande quantidade de festivais de jazz e música instrumental no Brasil, a qualidade natural da música brasileira e seus músicos também fomentam a possibilidade de surgir uma nova geração na música
instrumental, fazendo música em alto nível. Você percebe que, mesmo migrando
posteriormente para outros estilos, os músicos que começam estudando jazz e música instrumental mantém um nível de excelência técnica e musical excelente. Creio que poderíamos ir melhor, se as aulas de músicas nas escolas públicas fossem levado a sério e se fossem uma realidade no país todo.
TUM Sound Festival: É possível pensar em um futuro do Jazz e Instrumental?
Carlos Badia: Eu diria que, com o cenário atual na política, na economia e no meio ambiente, pensar “futuro” no planeta já é um desafio (risos). Mas sempre haverá esperança ou saída… Sempre é possível pensar futuros. O cenário de produção, sobrevivência financeira, e desenvolvimento da cadeia produtiva da música é quem vai nos responder melhor. Temos de fazer nossa parte como artistas, produtores, curadores e pensadores desta cadeia econômica e artística da Cultura.
TUM Sound Festival: Pensar em música como um mercado?
Carlos Badia: Se não pensarmos música como mercado, estaremos perdidos. Isso não significa nos pensarmos como um produto tipo “sabão em pó” num mercado. Mas sem planejamento, organização, legislação positiva não existirá mercado também.
TUM Sound Festival: Como está o cenário do Mercado da Música atualmente?
Carlos Badia: Uma grande incógnita sobre todos os pontos de vistas. O cenário digital de comercialização musical mudou radicalmente ganhos, planejamentos e tudo mais na música. É preciso estudar, buscar entender, dialogar. Festivais são ótimos espaços para pensar tudo isso e debater.
TUM Sound Festival: Na sua opinião, como fortalecer o mercado produtivo da música?
Carlos Badia: Tendo mais festivais com o TUM Sound, mais debates, mais possibilidade de organização, de auto-percepção de que há uma cadeia produtiva na música onde produtores, músicos, contratantes, editais, gestores públicos, etc, precisam aprofundar mecanismos de desenvolvimento do setor, ao mesmo tempo em que damos mais acesso ao público para todos os tipos de música, especialmente as que fogem do padrão mainstream. Educação sempre é uma chave também.
TUM Sound Festival: A música digital mudou radicalmente os padrões de como a música hoje é acessada e consumida. Essa mudança, na sua opinião também proporcionou um aumento no volume de receitas?
Carlos Badia: Não, pelo contrário. Está precarizado. A questão agora é como tornar todo este bolo rentável pra todos, e não só pra ponta que detém as ferramentas, como os donos do Youtube, Spotify etc, etc. Se por um lado você consegue a possibilidade de mais exposição do que nunca antes com sua música, este é apenas o primeiro desafio. De tantos outros que existiam e outros que surgiram.
TUM Sound Festival: E os desafios do Mercado produtivo musical, quais são?
Carlos Badia: Imensos. Começaríamos na letra A e iríamos até a letra Z facilmente com muitos itens. Precisamos esmiuçar, debater e enfrentar isso em espaços como os festivais, por exemplo. Mas não só. Precisamos espraiar durante o ano todo estes enfrentamentos sobre as questões do mercado atual.
TUM Sound Festival: Qual a importância de eventos como o TUM Sound Festival para a cadeia produtiva da música?
Carlos Badia: São os festivais que hoje podem servir como pontos de partidas para conhecermos mais nosso setor. São referenciais também. E os festivais precisam, a meu ver, ir além do que a simples mostra musical. Precisamos ter a provocação do debate sobre nossa área! Precisamos ter espaço o ano todo para este debate, a partir do que o festival significa para a cidade onde ocorre.
TUM Sound Festival: O que você espera encontrar no TUM Sound Festival?
Carlos Badia: Procuro ir aberto, para além das expectativas naturais de música boa, excelente produção, movimentação cultural: Equalizar o “tum” do meu coração a este TUM turbilhão cultural.
TUM Sound Festival: Música é…
Carlos Badia: Muito mais do que podemos definir nas obviedades. Sempre lembro que a conexão mais interessante que a música proporciona é que, é muito comum o “ouvinte”, o apreciador de música muitas e muitas vezes ir muito mais além do que o próprio músico que tocou ou criou uma composição ou interpretou uma música. E esta é a mágica. O músico é veículo. A música acontece quando este ir além rola. Seja pra quem for!