Afinal, o que é a Produção Musical?
Entrevista com Marcelo Fruet traz informações importantes para quem deseja iniciar na área
A Produção musical é aquele assunto que sempre levanta muitas perguntas, principalmente para quem está começando ou tem interesse em iniciar nesta carreira. Conversamos com Marcelo Fruet, produtor musical que já foi considerado duas vezes o “melhor produtor musical” pelo Prêmio Profissionais da Música, o “Produtor do Ano” pelo Prêmio Açorianos e teve a melhor “música para séries” no Music Pro Awards.
Um ponto de vista histórico
A produção musical surgiu logo no início da indústria fonográfica (música gravada, venda de discos, etc.) e evoluiu junto com o mercado. “A ideia de produção musical tem inicialmente uma relação direta com o ato de transformar música em produto para a prosperidade de uma indústria”, afirma Marcelo, que completa “diferentemente do que muita gente pensa, a palavra “produção” aqui não vem da habilidade de saber fazer uma track de música (tocar, cantar, compor, gravar, mixar ou masterizar música e áudio), mas sim de entender isso que será realizado como um produto, a partir de uma visão madura que mescla arte, mercado e tecnologias de produção”.
A partir desta visão, o produtor entende que nem todos que produzem música são, de fato, produtores, afinal, é preciso ter um entendimento maior sobre o mercado fonográfico, algo que para ele, “só o tempo de atuação traz”. A partir disso, elabora uma conclusão teórica sobre a perspectiva histórica da produção musical ao afirmar que ela seria “a atividade que possibilita que uma música passe do plano das ideias para o plano da existência, na provável busca de ocupar um mercado, enquanto sendo um produto que poderá ser consumido por um público”.
Atualmente, o consumo das músicas acontece por vários meios, seja através de streamings, mídias físicas, shows e até mesmo em jingles de anúncios e campanhas. Independente do formato, é importante que o produtor esteja atualizado com relação a tecnologia disponível, afinal, como afirma Marcelo, “o produto gerado terá em algum momento intenção de alcançar algum grupo determinado de consumidores”, e a melhor forma de atingir o público, é entendendo o meio e a mensagem que deseja passar.
Uma perspectiva prática
Atualmente, Marcelo enxerga uma confusão com relação ao termo “produção musical”. Para ele, isso existe devido às diferentes práticas que levam o nome na atualidade. “Na primeira, o produtor musical é uma terceira pessoa, que não as intérpretes ou autoras, com uma visão de fora que empresta seu conhecimento de mercado e experiência musical para direcionar conceitualmente o repertório, arranjos, sonoridades e interpretação das artistas, com o objetivo de tornar o trabalho mais único e competitivo”, sendo esta a forma mais comum de produção musical durante o século passado.
A segunda forma, mais comum atualmente, é “daquele artista que cria e desenvolve as partes musicais de uma faixa de música, a partir de uma assinatura própria, para que algum artista (que pode ser ela/ele mesmo) possa interpretar sua música em cima”. Além de tocar, este produtor ainda utiliza a criatividade para desenvolver um estilo que se encaixe com sua personalidade, ou a assinatura musical de um outro artista.
Outros olhares
Entre as duas formas de produção musical descritas por Marcelo, existem muitas outras, como a do produtor que “vai ser mais psicólogo (seu objetivo é deixar o ambiente equilibrado para as artistas poderem trabalhar juntas em harmonia), mais técnico (apenas ajuda a definir como as artistas devem proceder para potencializarem o impacto técnico de suas ideias), além de mais uma multiplicidade de opções”, afirma ele. Independente da análise que se faça sobre a produção musical, o mais importante é lembrar que “a música invariavelmente vai ser um produto no final” e, por isso, precisa atender as demandas do mercado.